O poema pode buscar o estranhamento, como tentativa de desfamiliarização das coisas próximas e cotidianas, para ingressar na nebulosa e difusa zona que forma o inconsciente e, dessa experiência, abrir-se como revelação daquilo que permanece entre nós como o insondável. E é nessa atmosfera que a escrita, desalojada da mansão cósmica de uma razão linear, realiza uma aventura poética dentro do próprio humano e pode calar fundo em nossa alma. \r\n\r\nAo empunhar sobre teus olhos a espada\r\nDesfez-se a mágoa e a mácula \r\nRuiu o que reinava, suprimiu-se a fábula \r\nE no trono atroz da teimosia tua \r\nO medo foi calado \r\nA covardia amordaçada \r\nLágrima por lágrima enxugada\r\n